não fazes tatuagens
para não te deixar marcas
os teus pais vão ficar tristes
e um dias ainda te fartas (matas)
mas e o resto que fazes com o corpo?
não larga tinta mas deixa farpas
e se os teus pais soubessem
como ainda te tratas?
e a dor no coração?
os ossos todos a tremer?
aquela agonia de sensação?
o medo de me perder
mas sozinha não te safas
sem um abraço para onde correr
noites de lágrimas e garrafas
tanto por onde sofrer
o medo de me perder
o medo de te perder
nada está perdido, só esquecido
só uma voz, um cheiro, uma cara, uma rua, uma música, uma palavra
ficou tudo mal enterrado
os mortos vivos andam aí
temos que os dobrar bem
e arrumar nas gavetas
antes que o armário caia outra vez
e venham as aranhas
para te puxar para o buraco de vez
manifestações do inconsciente são um tiro no pé
que passam de vermelho a azul
aqui só incongruências dentro de uma cabeça de mocho
híbridos de duas mamas e sexo de homem
enquanto que os que exploramos são os olhos do silêncio
de exploradores de pesadelos calados
a insólidos cortados em tiras
enquanto o alarme do carro toca e eu estou sonolenta, drogada, bêbada, adormecida na realidade desta guerra estranha
o mais cru do ser humano é o coração
a nossa humanidade é bombeada pelas veias
tenho o coração partido,
tenho o coração apertado,
tenho o coração quente,
tenho o coração acelerado,
tenho o coração a explodir de alegria.
o coração sente tudo até quando nós não sentimos, o sentimento é o mais cru do humano.
ou és companheiro dele e sentes com ele ou ele sente sozinho.
tem o seu sistema nervoso, ele não precisa de ti.
ele sabe mais do que tu, do que és feito?